Você já imaginou se deparar com verdadeiros espetáculos aquáticos proporcionados por baleias-franca enquanto aprecia uma relaxante caminhada à beira-mar? Na Praia do Rosa, durante os meses de julho a novembro, essa pode ser uma cena comum na rotina de quem visita a charmosa localidade no litoral sul catarinense.
Neste período, dezenas de baleias-franca se deslocam em direção a Imbituba em busca de águas mornas e calmas para procriarem. Para quem não sabe, os cetáceos – grupo formado por baleias e golfinhos – chegam às praias de Santa Catarina com a intenção de escaparem das águas geladas da Antártida e da Patagônia, onde vivem durante os demais meses do ano.
Este fenômeno, inclusive, rendeu o título de Capital Nacional da Baleia-Franca a Imbituba. E junto a ela, outras oito cidades formam o que se chama de Área de Proteção Ambiental (APA), com medidas que há pelo menos 20 anos visam a preservação e proteção da espécie.
Imbituba, o berçário de baleias-franca no Brasil
Dentre as características do litoral catarinense que o fazem ser ideal para a reprodução está a temperatura amena da água, bem como a profundidade do mar. Por ser mais raso, as baleias encontram segurança e tranquilidade para dar à luz e amamentarem seus filhotes longe dos predadores que habitam as regiões mais profundas e frias do oceano.
E é no mês de setembro que o número de avistagens atinge o seu máximo. Neste ano, o sobrevoo de monitoramento realizado nos dias 17 e 18 de setembro pelos litorais gaúcho e catarinense avistou um total de 42 baleias-franca, sendo 20 mães acompanhadas de seus filhotes e outras duas adultas sozinhas.
Para os apaixonados pela natureza, este período pode proporcionar passeios inesquecíveis. Seja da areia ou sobre os morros que cercam a paradisíaca Praia do Rosa, turistas e moradores locais se encantam com os espetáculos protagonizados pelas gigantes do mar. Você sabia que as fêmeas adultas podem pesar 60 toneladas?
Outra curiosidade sobre o local fica por conta do turismo responsável. Imbituba, Garopaba e Laguna formam a chamada Rota da Baleia-Franca, considerado o único destino de ecoturismo do país no qual é possível avistar os mamíferos marinhos a olho nu, sem que seja preciso embarcações ou equipamentos especiais para a observação.
No entanto, apesar de ser um refúgio durante a procriação, as baleias-franca estão ameaçadas de extinção em mares brasileiros. A população estimada, atualmente, é de 550 indivíduos, com uma taxa de crescimento de 4,8% ao ano, de acordo com estudo divulgado recentemente.
Turismo responsável para a preservação da espécie
Uma das principais ameaças encontradas pelos cetáceos está a perda de seus habitats naturais, em especial àqueles onde se reproduzem. Dessa forma, projetos de proteção são de total importância para a preservação das espécies, como é o caso da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia-Franca, criado em 2000. Este projeto abrange 156.100 hectares da costa centro-sul de Santa Catarina, com o intuito de proteger as enseadas, onde pode ser encontrado o maior número de baleias-franca com filhotes.
O turismo responsável também é um fator determinante para impedir a extinção. Sendo assim, em muitas praias catarinenses, a observação das baleias-franca somente é permitida por terra, evitando que elas sejam perturbadas por embarcações ou demais atividades náuticas em seus habitats.
Conheça algumas características da baleia-franca e saiba identificá-las em seu próximo passeio:
As fêmeas podem atingir mais de 17 metros de comprimentos, já os machos tendem a ser um pouco menores;
Quando adultas, as fêmeas podem pesar mais de 60 toneladas, enquanto os machos chegam a 45 toneladas;
Possuem corpo escuro e arredondado, sem aleta dorsal, e suas nadadeiras peitorais têm formato trapezoidal;
A cauda da baleia corresponde a aproximadamente um terço de seu corpo, com formato pontudo e largo;
Já a cabeça corresponde a quase um quarto de seu comprimento total, com grande destaque para a boca, composta por aproximadamente 250 pares de cerdas da barbatana;
Calosidades brancas localizadas na cabeça das baleias-franca revelam estruturas que se tornam rígidas conforme seu crescimento – o tamanho e a forma desses elementos não se modificam com o tempo, sendo utilizados para a identificação visual de cada indivíduo.
Fonte: Instituto Australis – www.baleiafranca.org.br