A Praia do Rosa, localizada em Imbituba/SC, considerada uma das melhores do mundo, também é atração turística no inverno devido à visita de dezenas de baleias-francas. Esse verdadeiro espetáculo da natureza pode ser apreciado a olho nu e em terra, seja da beira-mar ou sobre os morros, entre os meses de julho e novembro. A Rota da Baleia-Franca, além de trazer esperança sobre a recuperação da espécie quase extinta, movimenta o vilarejo e os negócios locais.
Anualmente, essas baleias-francas visitam o litoral de Santa Catarina e marcam presença principalmente na Praia do Rosa para procriar e amamentar os filhotes. Os animais podem ser observados dos costões também.
O nome comum vem do inglês: right-whale, que quer dizer “baleia-certa”. A espécie foi chamada dessa forma pelos caçadores por ter uma natação lenta e um comportamento que facilitava a captura. Apesar de a caça ter terminado na década de 70, a população das baleias-franca sente a consequência do período até os dias de hoje. Ao todo, são 550 fêmeas reprodutivas que visitam o Brasil em anos esparsos.
O Instituto Australis, que realiza o projeto PróFRANCA, protege e monitora a espécie. Com sede em Imbituba, o órgão faz a identificação das baleias encontradas pelos mares de Santa Catarina. As gigantes são reconhecidas pelas marcas dos calos que têm na cabeça, que não se modificam ao longo dos anos e são únicas para cada baleia. O banco de dados do Instituto tem cerca de mil baleias. Algumas são batizadas, como a Zimba, a Felícia e a Sunset. A Zimba é a mascote do projeto, patrocinado pela Petrobrás, e é conhecida há vários anos. Em 2018 ela esteve em Santa Catarina e a expectativa é para que volte neste ano, se seguir o intervalo reprodutivo.
O ciclo reprodutivo da baleia-franca dura três anos. A fêmea acasala com alguns machos durante o inverno. Resumidamente, a gestação do animal dura entre 11 e 12 meses e, normalmente, a fêmea dá à luz no Litoral catarinense. O filhote mama por um ano e a mãe descansa por mais 12 meses. Depois, o ciclo é reiniciado. No ano seguinte ao nascimento, antes de se separarem, as mães podem trazer os filhotes para o Brasil para ensinar a rota migratória. A população de baleias-franca cresce em média 4,8% ao ano.
Essa espécie se alimenta perto da Antártica, nas Ilhas Geórgia e Sandwich do Sul, durante o verão. A baleia faz uma grande reserva energética, comendo krill e outros peixes pequenos, para poder se deslocar até as águas quentes do hemisfério sul e voltar sem grandes quantidades de comida. O filhote às vezes faz a rota migratória de ida e de volta em anos diferentes para aprender o caminho que ele irá percorrer por toda a vida.
Como as pesquisas com as baleias-franca começaram na década de 80, não se sabe ao certo a idade máxima alcançada pelas baleias. A estimativa é de que elas vivam entre 70 e 80 anos. Durante toda a sua vida, esses animais ajudam na produtividade dos oceanos. Os mergulhos e a migração garantem nutrientes para o crescimento do fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar marinha, e ajuda a diminuir a quantidade de CO2 no mar e a controlar o aquecimento global.
Para estudar e proteger esses animais, o Projeto Baleia Franca, localizado em Imbituba – SC faz diversos tipos de monitoramento, com sobrevoos para contagem das baleias e fotoidentificação; observação terrestre em 15 pontos de Santa Catarina.
Esses animais fantásticos aguçam a curiosidade dos brasileiros e catarinenses que, durante a temporada, param para observar os mergulhos, saltos e brincadeiras das baleias nos mares do Estado. A vida desses cetáceos tem diversas peculiaridades já conhecidas e identificadas pelos pesquisadores, que trabalham com projetos de conservação há menos de quatro décadas, mas ainda há um mundo a ser descoberto com mais anos de estudos e observação.
O Brasil, inclusive, é considerado um dos 10 melhores países para observar os cetáceos, incluindo a baleia-franca e a baleia-jubarte, sendo Santa Catarina o local mais favorável para a observação.
E Imbituba, consequentemente, ficou conhecida como berçário natural das baleias. Este fenômeno, inclusive, rendeu o título de Capital Nacional da Baleia-Franca. E, junto a ela, outras oito cidades formam o que se chama de Área de Proteção Ambiental (APA), com medidas que há pelo menos 20 anos visam a preservação e proteção da espécie.
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